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Ficção: Por que não?


A questão da ficção como tudo o mais tem sido muito questionada ou simplesmente ignorada apesar da clara mensagem que nos foi deixada na Bíblia e, para os nossos dias, no Espírito de Profecia. Tanto como instituições quanto como indivíduos, imersos numa cultura que exalta literatura, filmes, novelas e todo o tipo de fruto da ‘imaginação’ como sendo positivo, acabamos nos acostumando com a ideia.

De pequenos, na escola, somos ‘obrigados’ a escrever histórias imaginárias nas aulas de português. Não uma imaginação positiva e produtiva tal qual: ‘ como seria o mundo diferente se todo mundo obedecesse sempre…tal mandamento.’ Este tipo considera as possibilidades e implicações, como um cientista analisando fatos e desenvolvendo teorias para compreender e explicar uma lei ou evento.

Ouvimos de novo e de novo que este tipo de redação é essencial, criando personagens, eventos e cenários imaginativos ricos e elaborados.

Eu mesma sou culpada disto. Dávamos literatura em sala de aula, discutindo em profundidade o texto e a partir dali as crianças criavam seus próprios textos dentro do tema. Eu amava trabalhar com isso. Já conhecia os textos sobre literatura, mas aprendi na faculdade a respeito de literatura infantil e parecia tão profundo que me convenci que bem escolhida e dirigida seria boa…

A sabedoria do homem… Estimulante, sim, de acordo com a orientação divina? Não. Uma vez desenvolvido o gosto, quem segura essas crianças? Quem disse que eles terão o discernimento para fazer boas escolhas? E ainda que tivessem, nós é dito que essas leituras excitam a mente e tiram o prazer pelo natural.

O tipo de leitura superficial usada na leitura de histórias, as descrições elaboradas e detalhadas de sentimentos que nos faz viver com a pessoa, pensar seus pensamentos e até falar seu tipo de linguagem, é quase uma perda de individualidade. Passamos a viver dentro de outra pessoa, de sua vida, sua mente, seu coração. Entramos dentro da personagem e ela dentro de nós. Nos tornamos um com ela, numa intimidade que pertence só a Deus.

E como disse antes, quem são esses escritores? Recentemente, uma professora de problemas mentais da Harvard estava falando de um escritor famoso que escrevia maravilhosamente bem, quando seus problemas surgiam, problemas graves que exigiam internamento para a própria segurança dos que o rodeavam. Nesta fase ele mudava de um homem manso e respeitador para um que traia a esposa descarada e publicamente, se tornava rude, agressivo e impulsivo. E escrevia com grande criatividade. Ele sabia e admitia que dos episódios de loucura vinha seu material e inspiração.

E os autores cristãos que escrevem novelas ou ficção? Não estão passando a mensagem? É como evangelizar com música de rock. Hoje se faz isso, como se a mensagem não fosse alterada pelo meio usado. Água carregada em vasilha de produto tóxico se torna tóxica…

Não estou dizendo que as pessoas não tenham boa intenção ao fazê-lo. Mas ‘de boa intenção’… Para que usar falsidade ou faz de conta, para pregar a mensagem da verdade? As histórias verdadeiras são tão maravilhosas, mostrando o poder real de Deus, que superam a imaginação do homem. Mas para quem está acostumado com histórias fictícias, os testemunhos verdadeiros, ainda que maravilhosos não fazem a mesma impressão pois estão acostumados que ‘tudo pode acontecer’…

Descobri isto num incidente que mencionei antes de dar de presente um livro cheio de histórias milagres e não causar a menor impressão na menina, pois estava acostumada com coisas ‘fantásticas’. Além disso, perdemos o gosto pela ‘comida simples’ como a Bíblia.

Mas além de tudo, há um problema mais básico: como podemos falar aos nossos filhos sobre a necessidade de serem sempre verdadeiros quando compramos para eles mentiras com as quais convivem por horas, dias, semanas, enquanto lêem? E depois disso por anos em suas mentes?

A verdade é de Deus; o engano, em todas as suas múltiplas formas, é de Satanás; e quem quer que, de alguma maneira, se desvia da reta linha da verdade, está-se entregando ao poder do maligno. Não é, todavia, coisa leve ou fácil falar a exata verdade; e quantas vezes opiniões preconcebidas, peculiares disposições mentais, imperfeito conhecimento, erros de juízo, impedem uma justa compreensão das questões com que temos de lidar! Não podemos falar a verdade, a menos que nossa mente seja continuamente dirigida por Aquele que é a verdade. – {MDC 68.3}

“Elas (as palavras de Jesus no sermão do monte) ensinam que ninguém que busque parecer o que não é, ou cujas palavras não exprimam o sentimento real do coração, pode ser chamado verdadeiro. – {MDC 68.1}

O ideal de Deus é alto mas possível para aqueles que seguem o caminho por Ele indicado. Todas as vezes que nos desviamos ainda que com as melhores intenções, estamos tomando um rumo para baixo, com perigos que nossa mente finita não pode antever.

Há tanto de verdadeiro e bom… Não precisamos gastar nosso tempo com aquilo que não é pão…

Este tema está fortemente relacionado com a questão de desenvolvimento de caráter já que sabemos que “pela contemplação somos transformados”.

Enquanto não damos muita importância achando que este é um detalhe de somenos importância, Satanás está evangelizando o mundo e transformando as pessoas à sua imagem através da ficção em livros, TV, filmes e música. Através da ficção ele faz o mesmo trabalho que fez com os anjos no céu apresentando sua visão distorcida de Deus e da realidade, quer seja abertamente ou em forma de semente que dará frutos certos.

Deus teve que destruir o mundo com o dilúvio porque “a imaginação do homem era má continuamente”. Pensamos nós que a imaginação dos homens de hoje é melhor?

Nos Estados Unidos tem um programa de rádio cultural onde, de quando em quando, se entrevistam escritores, compositores, etc. Conhecendo seus valores, suas vidas, seus objetivos, jamais os traríamos para nossa casa para falar a nós ou a nossos filhos. Mas através de suas composições tão ‘atrativas’ e muitas vezes ‘inocentes’ ouvimos suas ‘palestras’ com atenção e interesse e aprendemos suas lições sem suspeitar.

Fico impressionada como os princípios divinos nos protegem de males que, sozinhos, jamais poderíamos detectar à tempo.

As Suas orientações são simples e claras para os que querem obedecer. Mas muitas vezes nós pensamos que podemos discernir tão bem que podemos comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal… posso ir no terreno que o Senhor proibiu e só pegar a parte do bem.…

Há coisa boa em ficção, claro que sim! Se não fosse misturado não seria atrativo nem perigoso.

Para os bereanos que gostariam de estudar por si mesmos sugiro:

Ciência do Bom Viver, Capitulo 37 – O Falso e o Verdadeiro na Educação

Conselhos para a Igreja, Cap. 31 – A Escolha da Leitura

Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, Cap. 15 – Que Lerão nossos Filhos?

Fundamentos da Educação Cristã, Cap. 20 – Ébrios Mentais

Fundamentos da Educação Cristã, Cap. 10 – O perigo de Ler Livros de Ficção e Autores Incrédulos

Lar Adventista, Cap. 68 – A Leitura e sua Influência

Mente, Caráter e Personalidade 1, Cap. 13 – Alimento para a Mente

Mente, Caráter e Personalidade 2, Cap. 63 – Imaginação

Alguns textos se repetem mas ainda assim vale a pena pelas citações que trazem pontos importantes não vistos anteriormente. E, é claro, pôde-se colocar ‘ficção’ no aplicativo de EGW e fazer um estudo completo se lermos o contexto.

Silvia Martins

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